domingo, dezembro 16, 2007

DISCRETEANDO SOBRE… Juventudes Partidárias

As juventudes partidárias são estruturas de índole geracional, autónomas por definição, mas com uma ligação umbilical e inextricável aos respectivos partidos políticos e integram os militantes que se enquadram numa dada faixa etária (dos 14 aos 30 anos, normalmente).

No actual panorama partidário cá da urbe, as juventudes partidárias são vistas como uma espécie de longa manus do partido-mãe e um valhacouto ou alfobre de párias que, à míngua de coisa melhor, se acoitam nas "jotas", à espera do consabido "tacho". E não falta logo quem, pressurosamente, traga à liça certos casos de indivíduos nados e criados nas "jotas" que nunca desempenharam uma profissão antes de se tornarem políticos profissionais.

Diz-se mesmo que, em matéria de maus comportamentos políticos, as estruturas jovens dos partidos são a melhor "escola do crime". Na verdade, os infantes limitam-se a fazer funcionar as estruturas partidárias em que se inserem como uma espécie de antecâmara do poder, copiando em tudo (sobretudo nos maus exemplos) o modus operandi dos partidos-mãe.

São frequentes os casos de partidos políticos que, não podendo tomar determinadas posições públicas em relação a certos casos (para não se desgastarem…), incumbem a "jota" respectiva de tomar posições públicas, as mais delas verdadeiros doestos dirigidos aos visados/adversários; outras vezes mandam a estrutura júnior colocar em discussão temas controvertidos, de uma forma extravagante, de modo a tomarem o pulso à sociedade e a apresentarem, depois, o mesmo tema, mas de uma forma menos vigorosa (assim parecendo que estão a apresentar uma ideia moderada, quando ela é, de facto, radical – não tanto, é certo, como a que foi apresentada ousadamente pela "jota").

Em artigo atinente às organizações políticas de juventude, não poderíamos deixar de fazer referência à consabida tarefa de colar cartazes pelos neófitos das andanças políticas, ao empunhar das bandeiras, aos saltos ululantes e clangorosos nos comícios e aos famigerados congressos – qual entremez e laboratório de fabricação de políticos – com a rapaziada agindo e falando como os políticos crescidos (com as negociatas inerentes, as traições, a bajulação brejeira, a palavra oca e estéril no conteúdo, mas arrebatadora na forma...).

Não obstante esta imagem que as juventudes partidárias exornam, há projectos sérios e gente empenhada e genuinamente interessada em, através das respectivas estruturas (locais, distritais e nacionais), colocar o seu saber ao serviço das populações. E para que a imagem negativa que lhes anda ligada se estiole e as juventudes partidárias não sejam estigmatizadas com o ferrete de boys, é mister que sejam capazes de estabelecer uma agenda própria, radicalmente distinta da dos partidos.

E essa agenda deve passar, inexoravelmente, pela escolha de temas relacionados com os problemas…dos jovens. Esta verdade elementar, estranhamente, é quase sempre postergada, e as estruturas partidárias congregadoras dos jovens limitam-se a repetir, com um pouco mais de barulho ou de forma mais radical (e por vezes de forma leviana e irresponsável), os assuntos que fazem parte da agenda do partido-mãe. Ora, trata-se, no entender do subscritor destas linhas, de uma forma errada de fazer (e de estar na) política: na verdade, ao agirem assim, os jovens políticos ficam ligados a uma ideia de radicalismo na acção, com a correspectiva falta de credibilidade que lhe anda associada, e tratam esses assuntos de uma forma perfunctória, ligeira e insípida (os partidos, qua tale, porque dotados de quadros com uma formação mais sólida, conseguem tratar esses assuntos de uma forma muito mais aprofundada e proficiente).

Por outro lado, de entre o leque de temas que podem parecer mais adequados a um tratamento pelas juventudes partidárias, são quase sempre escolhidos aqueles que são apodados de fracturantes. E isto acontece tanto mais quanto essas juventudes partidárias se situam mais à esquerda do espectro partidário. Seja o exemplo da defesa da legalização das drogas leves, das salas de injecção assistida (vulgo, salas de chuto), do abortamento livre, da eutanásia, et coetera, verdadeiras bandeiras da esquerda avulsa. Há até juventudes partidárias cujo leque de temas se esgota nos que foram enunciados no parágrafo anterior. Id est, muitas vezes os aparelhos partidários das "jotas" querem fazer passar um conjunto de vacuidades por verdadeiras propostas! E à irresponsabilidade ousam chamar irreverência!

Nos dias de hoje, todos trazem na boca meia dúzia de chavões, sonantes, prontos a debitar em qualquer ocasião. Avultam o empreendedorismo, a iniciativa, a ousadia, a irreverência, o agarrar o futuro e outros do mesmo jaez.

Mas reduzir a actividade das "jotas" à defesa destes temas, muitos deles espúrios, é considerar que elas padecem de uma capitis deminutio política. Uma juventude partidária que se queira afirmar como séria, responsável, consequente e tributária de credibilidade deve empenhar-se em temas mais prementes. À laia de exemplo, refira-se o arrendamento jovem, a política de habitação, o desemprego jovem, o incentivo à criação do próprio emprego, o ensino técnico e profissional, a reforma do ensino superior, a ligação das instituições de ensino ao mundo do emprego, mormente ao ramo empresarial, a info-exclusão, a formação política e cívica, eivada de valores e princípios, enfim, toda uma plêiade de assuntos que assumem particular relevo em um projecto sério e estruturado para a juventude, de quem este governo é, bem o sabemos, inimigo declarado.

Fica, à guisa de conclusão, uma palavra de apreço para a JSD (Juventude Social Democrata), que sempre se destacou na defesa dos verdadeiros interesses da juventude de Portugal, marcando a diferença em relação aos desmandos dos corifeus de uma certa esquerda e apresentando-se como uma estrutura de confiança.

Márcio Ribeiro
Advogado,
Coordenador do Gabinete de Estudos e membro da Comissão Política Distrital de Vila Real da JSD

segunda-feira, dezembro 10, 2007

A tartaruga …e o PSD Águeda


Comecemos pelo conto infantil, comecemos pela história – da tartaruga e da lebre.

Como sabemos a tartaruga é um animal robusto, mas vagaroso; a lebre é esguia, mas veloz. Numa corrida, a lebre ganharia facilmente à tartaruga. Mas será sempre assim? Foi, por acaso, assim na narrativa de Pierre Goulart, tantas e tantas vezes repetida às crianças como história de embalar e como lição de vida a reter?

Não, não o foi…

Com esta alegoria pretendo metaforicamente simbolizar o PSD Águeda com a tartaruga e o Partido Socialista de Águeda com a lebre, corredora e saltitona.

Há 2 anos e meio, o P.S ganha as eleições autárquicas em Águeda. Rios de tinta correram sobre isso…era o tempo da esperança e da tão apregoada mudança. Mudança que se queria de hábitos, procedimentos e modus operandi…

Muito bem, 2 anos passaram, vamos à rua, entremos nos cafés, auscultamos empresários, sintamos o pulsar da cidade…

A mudança deu lugar à descrença; a esperança à desilusão.

A reforma administrativa camarária, alvo de elogios externos, é um verdadeiro pesadelo para o cidadão comum que a ela se dirige, pois ainda que o papel tenha dado lugar ao digital, as filas de espera para atendimento passaram de largos minutos para algumas horas…

A ceifeira, grande baluarte de campanha pública pelos socialista, ainda que visualmente tenha consequido alguma melhoria no aspecto da Pateira, não resolve nem de perto, nem de longe os problemas da maior reserva aquífera natural da Península Ibérica; Ainda esta semana se soube também, que a tão famosa petição entregue na Assembleia da República nada trouxe, nada acrescentou, nada de bom vislumbrou..

Os parques industriais, com uma divulgação mediática tão acentuada, e já com fundos do orçamento determinados, parecem agora semi-adormecidos, tamanhas as críticas relacionadas com a sua localização, mas acima de tudo com as suas reduzidas dimensões.

O Agcua, projecto para reanimar o centro histórico com o comércio tradicional, depois de um relativo sucesso, foi abandonado , com a demissão dos responsáveis e um desentendimento generalizado…

Olhemos também um pouco para o total clima de insegurança e medo que se vive nas ruas de Águeda, com diversas lojas a serem assaltadas, casas particulares espoliadas e carros furtados em plena luz do dia…

Também a "trapalhada" recente com o chumbo da carta educativa, não por mero capricho do PSD, mas antes por não corresponder ao justo anseio das freguesias, mas acima de tudo dos jovens estudantes, demostrou a vulnerabilidade desta gestão autárquica , que com tiques autoritários, queria "lavar as mãos" das suas responsabilidades e passar a "batata quente" para os eleitos da Assembleia municipal…

E muitos outros "episódios", podiam e deviam aqui ser referidos mas por falta de espaço neste Fórum do Ideias Políticas não o farei, senão teriam que ser referenciados novamente os "velhos" temas relacionados com: a ligação à A1, a via rápida Águeda-Aveiro, o novo hospital, o pavilhão multi-usos, o centro coordenador de transportes, etc, etc.

Termino, voltando ao conto infantil…

O PSD Águeda, terá que ser a tartaruga ao longo destes 2 anos…o corredor de fundo, aquele que devagar vai longe…
Terá que recuperar a credibilidade junto dos aguedenses, isto se alguma vez a chegou a perder totalmente, terá novamente que recuperar a confiança do seu tradicional eleitorado e saber chegar ao restante, chamando até si os mais jovens, os mais capazes, os mais dinâmicos.

Nestes 2 anos, o PSD Águeda terá que estar unido em torno de um objectivo comum, não necessariamente o objectivo "cego" de recuperar o poder autárquico, mas antes e isso sim, a vontade férrea e clara de apresentar as melhores propostas, as soluções mais realistas para os problemas diagnosticados e claro está tambem, ter a capacidade necessária para trilhar o melhor caminho para as gentes de Águeda e para o desenvolvimento real e concreto do concelho de Águeda – esses sim, baluartes que nos levarão à reconquista da Camara Municipal.

Tudo isto, por Águeda!

Tiago Lavoura

quarta-feira, novembro 28, 2007

A perspectiva sobre Sá Carneiro por um jovem de 18 anos


É sempre um enorme e difícil desafio ter que escrever sobre uma figura singular e única como Francisco Sá Carneiro. Primeiro porque, na história de Portugal, ele é mais que um homem...é um mito! E é um mito por duas razões, antagónicas talvez. Primeiro pela forma como acontece a sua morte. Atentado para uns, acidente para outros, o facto é que ainda hoje, vinte anos depois, ainda nada de concreto se apurou. Segundo, pela forma ímpar como viveu.
Com uma personalidade controversa e aliando a isso uma enorme força de vontade, e de lutar contra tudo o que se opunha aos seus ideais, é para mim um ícone e exemplo único a seguir.

Viveu talvez pouco tempo para concretizar as reais modificações que tinha em mente.
Para mim, Sá Carneiro é, e sempre será, um exemplo a seguir, para os jovens e para os menos jovens, que de uma forma mais ou menos predominante, queiram dar algum contributo pessoal à sociedade em que nos encontramos. Um homem generoso, solidário, com uma personalidade contagiante, hoje raramente encontrada, traçou um percurso político controverso e fulgurante no nosso Pais. Criou e defendeu os seus próprios ideais, rompendo em quase tudo a que esteve ligado. Era uma figura intuitiva e apaixonada, não pelos outros, mas por si e pelas suas aspirações, futuristas demais talvez, para o poder da altura, hoje actuais e bem realistas.

Para um jovem de 18 anos, como eu, Francisco Sá Carneiro, é sem dúvida um exemplo a seguir. Hoje, perde-se muito depressa a vontade de correr pelos nossos ideais, muitas vezes nem os temos sequer. É cada vez mais difícil, encontrar forças humanas de mobilização como o fundador do PSD, pessoas capazes de pensar no futuro de forma tão inovadora quanto contestada. Numa época em que o descrédito da classe politica é grande, eu diria até que só alguém com o carácter de Sá Carneiro teria a força capaz de inverter este marasmo em que vive a politica e os políticos em Portugal. Não sei se sozinho o fosse conseguir. Mas estou certo de que os jovens iriam encarar toda esta problemática com outros olhos.

Hoje porém, os tempos são outros, ainda assim, é necessário não deixar de pensar no futuro e de enfrentar os problemas actuais e reais com frontalidade.

Para um jovem, como eu, é quase uma banalidade, viver num estado de direito democrático, pertencer à União Europeia e a todos os seus direitos e deveres reservados. Para nós, isso é normal.

É difícil perceber a importância que tinha para este homem, tornar Portugal num Pais moderno, democrático e aberto. É notável, para a época que estamos a falar, pensar como este homem, e poucos o faziam, acreditava na Europa, na União, nos direitos do Povo e nos direitos humanos, na social democracia como base para um Estado mais justo, igual e solidário para todos.

Banalidades hoje para muitos, sonhos para os nossos pais e realidades quase impossíveis de realizar para os nossos avós, que só se tornaram possíveis graças á força e preserverança de homens como Francisco Sá Carneiro.

Para mim, o tal jovem de 18 anos, a perspectiva que tenho sobre Sá Carneiro, é de que não era apenas um homem bom e activo na sociedade. Era e sempre será, um exemplo real do que deve ser o verdadeiro político.

Sérgio Neves, 18 anos

segunda-feira, setembro 10, 2007

Teoria da Relatividade relativa à Política II


Relatividade: s. f. qualidade ou estado do que é relativo; contingência; condicionalidade; Fís., teoria da -: cada uma das duas teorias desenvolvidas por Albert Einstein (1879-1955), a teoria da relatividade restrita e a teoria da relatividade geral que, baseadas em novas concepções dos conceitos de tempo, espaço e movimento, conduziram ao estabelecimento de um modelo do universo alternativo ao modelo de Newton.

Deste modo, relatividade poderá significar a qualidade ou estado do que é relativo, com uns laivos de contingência e de condicionalidade. Na prática, deparamo-nos com alguns conceitos pouco amáveis, uma vez que ninguém gosta de ser condicionado ou limitado. Ficamos ainda a saber, que essa “madrasta” palavra nos pode avaliar no que diz respeito à qualidade ou ao estado. Como arte de dirigir relações, (relações entre poderes e indivíduos), o exercício da política é fértil em contingências e condicionalismos.

Segundo o modelo físico, desenvolvido por Albert Einstein a relatividade resulta de uma nova concepção de espaço, tempo e movimento que conduziu a um novo modelo de universo, alternativo ao de Newton!!! Politicamente pensando, é lógico intuir que todos nós temos um diferente conceito de espaço, tempo e movimento, correndo assim o risco de criar universos alternativos.

Imaginemos então, 20 universos alternativos, com noções diferentes, muitas vezes incompatíveis no que diz respeito ao tempo e ao movimento; até porque o mesmo espaço não pode ser ocupado em simultâneo por vários objectos. Todavia, podem coincidir nos movimentos, ora ascendentes ora descendentes, consoante a avaliação do estado das coisas!

Será fácil de perceber, que em alguns desses universos existe algo que poderá baralhar um pouco a cabeça destes grandes físicos, o conceito de omnipresença. É realmente um conceito que fisicamente ainda não está explicado, mas que parece fazer cada vez mais sentido. Ora, exercer política nestas condições não será propriamente fácil, já que perceber diversos universos e conjugá-los com a omnipresença pode ser uma tarefa digna de Hércules.

É importante existir este balanço de condicionantes e contingências no exercício da política, já que assume um papel de equilíbrio neste jogo. No entanto, é veemente de entender que todos os universos individuais criados são suplantados pelo universo do ideal, querendo com isto dizer que nos deveríamos deixar sempre condicionar por valores morais e de acção que nos tornem distintos em relação àqueles que permitem que a contingência seja imposta por vontades individuais.

É fundamental que nos deixemos “todos” relativizar em função de Águeda.

Marco Abrantes

quinta-feira, junho 28, 2007

Simplex- o mais amplo conceito de um governo


Será possível modernizar a administração pública?Facilitar a vidas às pessoas?Dar às empresas a rapidez que precisam?”

Estas três questões encontram-se em http://www.ucma.gov.pt/simplex/, o sitio de internet com a missão de apresentar o Simplex aos portugueses. Não só as perguntas, mas também as respostas são facilmente lidas neste documento: “Agora sim. A administração pública ligou o simplificador.Este é o primeiro passo da modernização.Para aumentar a competitividade e o crescimento.Para dar um novo impulso a Portugal.”

Estando o país em suspenso quanto ao grau académico do nosso 1º. Ministro, não deixa de ser pertinente comparar os títulos que têm vindo a público nos orgãos de comunicação nacional com esta introdução ao sitio do Simplex. Sabendo que o ensino é um serviço público e que a Universidade Independente é detida por privados compreendemos que a vida realmente é malfadada, cheia de coincidências perfurantes para quem delas é vítima, mas ao mesmo tempo jocosas para quem a elas assiste.

É recorrente nos últimos governos assistirmos a um especial encanto pela educação, sendo valorizada na sua componente estruturante na construção do futuro do País. As maleitas do nosso sistema de ensino há muito que estão diagnosticadas, sendo simples para os cidadãos o apontar dos problemas que se respiram na escola, no ensino superior e na consequente entrada no mercado de trabalho. Simplesmente a taxa de abandono escolar é de 40%, no 2º e 3º ciclo.Simplesmente necessitamos de médicos e empurramos os estudantes para o estrangeiro.Simplesmente necessitamos de capacidades técnicas objectivas à realidade laboral e temos em aberto mais de 1000 cursos superiores.

Afinal é tudo simples.

Marco Abrantes

segunda-feira, junho 04, 2007

Era digital… não era?


Quem não conhece o famoso sketch do Gato Fedorento, que tão bem ironiza o estado de sitio vivenciado no ideário do funcionalismo público nacional “Papel?! Qual papel? - O papel. - Mas qual papel!

Recentemente, foi noticiado nos órgãos de comunicação concelhios a visita do Srº Secretário de Estado da Administração Local, Eduardo Cabrita, num périplo pela nossa autarquia, destinado a assistir in loco ao avançar do processo de Modernização Administrativa e da Gestão Autárquica, em marcha na Câmara Municipal de Águeda.
Modernizar, desburocratizar, informatizar são palavras de ordem.

Objectivo: banir o papel do maior número de procedimentos camarários.
A redução efectiva do papel gasto na autarquia deve ser uma meta, numa atitude de racionalização e controlo de custos que todos apreciamos. Todovia, a ausência de determinado tipo de papel poderá ser dramática, sobretudo em horas de aperto. Vale os espírito altruista de quem dele precisou e o velho ditado “Homem prevenido vale por dois”. Afinal há papel e papel!

As Novas tecnologias são realmente indicadoras do nível de exigência de uma população, bem como catalisadoras das sinergias dos mais jovens, podendo, realmente, apontar novos caminhos de gestão, mais eficazes e motivadores para todos. Prova deste facto é a acção comemorativa do Dia Mundial da Juventude, que pretende estabelecer uma tertúlia cibernética entre algumas associações de âmbito jovem do Concelho, tendo como mote para “conversa” online as seguintes perguntas: Quem sou eu? Quem és tu? Quem é ele? Que fazemos? Que devíamos fazer? Que expectativas? Que políticas para a Juventude? Que Futuro? Porque executar implica um plano, um pensamento e um conhecer das realidades que nos rodeiam.

Quase dois anos volvidos desde o início de actividade deste executivo camarário, é preocupante andarmos hoje, ainda, à descoberta da nossa essência!
Seremos, nós, um grande ponto de interrogação?

Vamos “teclando, a ver se a gente se entende”.


Marco Abrantes

terça-feira, maio 01, 2007

Par de cavalos do rio para limpar os jacintos


É recorrente na comunicação social local o tema mais querido da nossa autarquia, a pateira. Limpezas sete dias por semana, hora e quantidade de (água, caniço e jacintos retirados,) fluviários, canais até à Barra, baptismo da ceifeira, enfim, um actualizado e repetido manancial de informação.

A utilização sucessiva desta temática, com poucos acrescentos, pode ser avaliada na actualidade através de uma estratégia denominada de Marketing Viral, que é definida por uma vasta panóplia de técnicas de comunicação, utilizadas com base no crescimento de redes sociais definidas, conduzindo a que repetidamente a matéria ou conceitos em causa não sejam esquecidas e sobretudo permaneçam vincadas na mente dos receptores.

Conscenciosa a postura da nossa autarquia nas matérias relativas ao ambiente e em especial à pateira, após a afirmação do nosso edil: “… Se Lisboa tem um oceanário, Águeda vai ter um fluviário”.- in Jornal de Notícias, de 29 de Janeiro. Entendo por oportuno dar o mote nesta cruzada de arrojo e determinação em prol da lagoa. Assim, conjuntamente com o fluviário, e em harmonia perfeita, com a navegação da ceifeira seria interessante a Câmara Municipal ponderar a aquisição de um casal de cavalos do rio, vulgo hipopótamos.

A sugestão de tão agradavéis animais será, efectivamente, uma mais-valia na atracção turística à maior lagoa natural da Península Ibérica. Sendo animais de grande porte, pesando até cerca de quatro toneladas na vida adulta e herbívoros, poderão, em articulação com a ceifeira, cobrir uma maior área de limpeza, com a certeza de que retirarão apenas os jacintos da pateira. Animais com preferência nocturna, assegurarão 24 horas de trabalho, acrescendo ainda o facto de, sendo um casal, se apoiarem e motivarem mutuamente, nunca esmorecendo.

Todos os esforços relativos à preservação do equilíbrio ambiental são de enaltecer É uma matéria séria não compaginável com o uso abusivo de sound-bytes, que não passam de formas de perdurar imagens e nem sempre realidades. A estratégia é conhecida no país… e sobretudo em Águeda.

Mais que estratégias de propaganda, interessa, sim, uma pateira para todos.

Marco Abrantes

sábado, abril 28, 2007

O rio e o futuro


A Câmara Municipal de Águeda divulgou, esta semana, a intenção de colocar um açude insuflável no rio Águeda. Um sistema tecnicamente simples, mas bastante eficaz na contenção das águas e na preservação do sistema aquático, anteriormente tentado, numa versão simplista, com a colocação de areia mas nem sempre bem aceite.

A implementação deste sistema é muito importante para a valorização das margens, proporcionando visualmente uma diferente recepção a quem nos visita. É uma das maiores riquezas naturais que possuímos e deve ser alvo de uma visão estratégica, integrada e inteligente no desenvolvimento das suas margens.

A abertura das estradas circundantes, a reconstrução do muro caído e a requalificação da Praça 1º. de Maio devem ser prioridades imediatas. No entanto, não devemos ficar por aí. A importância do aproveitamento hídrico a montante é vital, não só como complemento de regularização do leito do rio mas também como mecanismo no armazenamento de água e consequente aproveitamento para serviço à população.

A história de desenvolvimento da cidade sempre passou pelo rio Águeda, devendo nós saber capitalizar, do ponto de vista urbanístico, toda a valorização estética e útil possível, criando áreas propícias para os momentos lúdicos de uma população jovem e moderna, promovendo espaços bonitos e refinados que referenciem Águeda no contexto regional e nacional.

Para tal, muitas vezes mais que a necessidade de capital, falta o arrojo e a visão de futuro. A capacidade de mudança em muito se reflete nas sinergias criadas em torno de uma causa comum, como o desafio das gerações mais jovens, aproveitando-as em toda a sua capacidade imaginativa e técnica para a construção de uma cidade melhor.

Afinal... o rio é uma prioridade ou não?!

Marco Abrantes

sexta-feira, abril 13, 2007

A cidade das maravilhas ou uma maravilha de cidade?


“Alice no País das Maravilhas” é um dos mais famosos contos infantis de sempre. Narra o sono de uma menina, que quebra no seu sonho, como todas as crianças, as normas que regem a realidade. Quem não se lembra do Coelho Branco, sempre apressado e da Rainha de Copas sempre autoritária? Enfim, muitas e grandes figuras que populam no nosso imaginário.
Contar uma história porém, não está ao alcance de todos. Mudar as vírgulas e os pontos, mudar as personagens e os cenários, e no fim esperar que a moral da história seja dotada de um ensinamento profundo, inteligente e sobretudo útil para que toda esta mudança não seja vã, só pertence ao imaginário das crianças. Deste conto devemos retirar alguns ensinamentos. Aproveitando as duas personagens supra citadas, encontramos o Coelho Branco e a Rainha de Copas como seres de personalidade marcante. Um apressado, sempre atrasado para tudo e ocupado com o seu próprio atraso; outra autoritária e ditatorial, mais mandante que o seu rei, sempre pronta com os seus soldados para fazerem de sua justiça. Ora, depressa e bem há pouco quem e a justiça a todos guarda, mas ninguém a quer em casa. Esta história de Maravilhas assaltou-me a memória ao aperceber-me que a Autarquia já iniciou a eleição das Sete Maravilhas de Águeda, pretendendo “…completar e enriquecer o nosso património com o que faz parte da nossa história, valorizando as raízes da nossa terra e das nossas gentes. Pretendemos, com esta iniciativa, motivar a participação e a reflexão dos munícipes de forma a valorizar o património natural e arquitectónico do nosso município.”, conforme se encontra descrito no site da Câmara Municipal. Apressados na conquista de novas Maravilhas, é pertinente lembrar aquelas que fazem parte do nosso património quotidiano: - As associações e apoios que necessitam; - As nossas estradas e da manutenção que precisam; - A segurança e o apoio que as populações merecem; - O nosso rio e a zona ribeirinha pela nossa identidade; - As nossas escolas e os seus alunos pelo nosso futuro; - A nossa indústria e sua capacidade empresarial pela nossa afirmação; E, sobretudo e por tudo, os cidadãos.
Marco Abrantes

segunda-feira, abril 02, 2007

E depois do carro hibrido?


Águeda vive em alvoroço em torno da Rua Luís de Camões, bem no centro da cidade. É intenção da autarquia, reabrir a rua à circulação automóvel. Uma rua peonizada há poucos anos e que caracteriza a zona mais antiga da baixa aguedense. Nos propósitos eleitorais da maioria municipal encontram-se referências à revitalização das zonas antigas da cidade com objectivas formas de colocar Águeda como uma peça apetecível e sumarenta no cesto da escolha turística. Senão vejamos e passo a citar: “…a realização de um concurso para a elaboração de postais ilustrados (…), um concurso de varandas floridas e outras iniciativas que incentivem a melhoria do ambiente serão promovidas”; iniciativas que constam do manifesto eleitoral da actual maioria.
Algumas variáveis são colocadas em cima da mesa na discussão da reabertura, nomeadamente o facto de fomentar a dinâmica comercial na dita artéria! Parece-me um argumento incoerente - talvez o custo da sua reabertura, encaminhado com a hábil forma de idealizar o marketing actual pudesse, isso sim, seduzir mais consumidores para o nosso comércio tradicional.

- ESPAÇOS URBANOS: Outro dos relevantes pontos de interesse na requalificação dos espaços urbanos da cidade é, com certeza, as zonas verdes, não apenas necessárias à gestação do equilíbrio estético fundamental, mas essencialmente com funções higiénicas, sociais e formativas num contexto moderno de uma cidade que se quer de futuro. A Alta Vila permanece quieta e timidamente suspirante no idealizar de novos futuros para Águeda, porque, ao que parece, foi apenas prioridade momentânea.

A importância do ambiente, da sua preservação e sobretudo do fomento ao seu entendimento são hoje obrigatórios para qualquer cidadão, ainda mais para quem assume o desafio de dirigir os destinos de um Concelho. Tão importante é que temos comummente assistido à tendência europeia e mundial na retirada do trânsito dos centros das cidades, na requalificação desses espaços para utilização saudável e lúdica e sobretudo na dicotomia dos custos que hoje em dia estão inerentes à preservação do bem estar de uma população.

- POLUIÇÃO: Sendo temas de actualidade, Quioto e as emissões de CO2, tanto que até valem a intenção por parte do nosso governo de reduzir a velocidade máxima nas auto-estradas portuguesas para 118 kms/h; é um indício claro de que todos os sinais, por mais pequenos que sejam, contam, desde a procura de veículos menos poluentes à retirada de trânsito dos centros das cidades e à promoção de alternativas menos poluentes e mais eficazes do ponto de vista eco-social.

- EQUÍVOCOS: Tentar perceber estes sinais equívocos, demonstrados pelos responsáveis municipais, permite aferir aqui alguns contra ciclos urbanos e ecológicos. Ora somos preocupados com o ambiente e colocamos a circular na estrada um automóvel híbrido, ora de repente não somos e desvirtuamos o que é corrente mundial de colocar os centros e patrimónios históricos das cidades ao serviço das pessoas e não dos automóveis.Agora, o carro híbrido já circula! E o resto?

MARCO ABRANTES

terça-feira, março 27, 2007

Criação da Ibéria (vantagens ou problemas crónicos)


Nada melhor para começar um artigo do que com a questão: E se Portugal e Espanha se juntassem num único País, a Ibéria! Quais poderiam ser as sinergias a nível económico? E os problemas?

Para responder a estas perguntas, teríamos de certo que olhar para as vantagens e desvantagens que dai poderiam advir. Quando pensamos em dimensão, as vantagens são quase que incontornáveis, pois uma Península Ibérica unificada teria maior peso em termos demográficos e económico. Por exemplo, a dimensão, seria tão grande que Portugal subiria ao quinto posto na EU aos níveis populacional e económico, excelente posição, pois actualmente encontra-se na 10ª e 15ª, posições respectivamente. Se tal facto se verificasse a Ibéria representaria 13% da população e 9,6% do PIB da EU – 25. Mas contudo, existiram aspectos em torno das desigualdades de crescimento de Portugal e de Espanha, quase sempre melhor em Espanha, que se tornam entraves fortíssimos quando analisado, como é exemplo do PIB.

Actualmente o PIB per capita espanhol, em 2005, por exemplo, ultrapassou 20 800 euros, enquanto o português se ficou pelos 14 036. Ora se a Ibéria se formasse em 2005, teria um PIB per capita de cerca de 19 600 euros, valores que nitidamente beneficiam Portugal e prejudicariam os nuestros hermanos.

Por razões sobretudo históricas, os dois países tem relações privilegiadas com zonas geográficas distintas. Portugal com a África lusófona e o Brasil, e a vizinha Espanha com a restante América Latina. Em conjunto poderiam facilitar a penetração mútua nas respectivas áreas de influência e reforçar o seu papel internacional.

Um outro aspecto onde o nosso Pais poderia vir a ser beneficiado é sem dúvida nas áreas da educação. O nível de qualificação médio é superior em terras espanholas, e o abandono escolar é muito inferior ao registado em terras lusas.

De um modo geral a armada ibérica seria mais poderosa do que cada um dos Países individualmente, mas contudo correria o risco elevado de depressa naufragar. Existia um enorme risco e aumento de conflitos regionais e aspectos em torna da politica da Ibéria seriam quase que inevitáveis. A Espanha actualmente tem inúmeros problemas, despoletados por movimentos como a ETA. Já Portugal, numa análise pouco personalizada, depressa se percebe que as características culturais e até o nosso próprio nacionalismo seriam graves condicionantes á criação da Ibéria.

Para Portugal haveriam outras desvantagens de âmbito económico, a primeira é que mesmo apesar de melhorar, em média, as medidas de dispersão iriam certamente aumentar, os centros de decisão, as zonas industriais, os pólos de desenvolvimento tecnológico e de competências especificas tenderiam a mover-se para o centro da Península, por duas ordens de razões, sendo a primeira pela proximidade face ao resto da Europa e pela dimensão económica. No final de tudo isto, poderiam ser ainda mais pesados os custos da periferia e acentuar-se as divergências regionais em termos de poder de compra.

O principal risco para Portugal é claro deixar de ser um centro de decisão para se tornar numa região autónoma, como a Galiza. E, dessa forma, perder capacidade de defesa dos seus interesses específicos, a nível nacional, e nas instâncias internacionais, como a EU. Portugal só teria vantagem se os dois países formassem uma união de igualdade, o que nem sempre no campo teórico se afigura possível dada a dimensão inquestionável da economia espanhola, que conduziria, naturalmente, para um papel de líder.

Para grande parte dos economistas espanhóis, esta fusão levantaria problemas a nível político, social e cultural, trazendo quase nenhumas vantagens económicas. Isto porque deste ponto de vista, ambos os países já estão muito interligados sob o chapéu da EU e da zona euro.

A ideia é simples: Portugal e Espanha fazem parte de um mercado único europeu cada vez mais integrado, e já têm politicas comuns, de índole comunitária, nos sectores da produção, comércio externo e segurança entre outros. As potenciais economias de escala entre os dois países já estão a ser exploradas. Um bom exemplo disto mesmo é o mercado ibérico de electricidade. Mais: há sinergias que poderiam vir a revelar-se muito dolorosas, dado que Portugal e Espanha têm especializações produtivas similares. È o que sucede na agricultura e nas pescas por exemplo.

Em suma e depois de toda uma análise feita aos prós e contras de uma eventual criação da Ibéria, o melhor é esquecer o assunto, ou seja ambos os países devem navegar nas mesmas águas, as da EU, mas em barcos distintos.

Sérgio Neves
Estudante Ensino Secundário

terça-feira, março 13, 2007

O mercado do Carbono


Com o advento da Revolução Industrial, o nosso planeta tem estado sujeito a uma crescente asfixia, por parte de diversos poluentes, denominados gases responsáveis pelo efeito de estufa, nos quais se incluem o dióxido de carbono, o principal responsável pelo aquecimento global do Planeta.

Apenas em 1979 se viria a consubstanciar esta preocupação com as alterações climáticas, com a definição pela primeira vez de um Programa Mundial do Clima, ao qual se seguiram a 2ª Conferência Mundial sobre o Clima em 1990 e o Protocolo de Quioto em 1997.

O Protocolo de Quioto fixa em 5% (relativamente às emissões de 1990) a redução global de emissões de 6 gases responsáveis pelo Efeito de Estufa (entre os quais o Dióxido de Carbono – Co2) durante o período de 2008-2012.

A sua entrada em vigor estava condicionada à sua ratificação por parte de 55 países, responsáveis por pelo menos 55% das emissões de Co2 em 1990.

Apesar da U.E (União Europeia) ter efectuado a sua ratificação em 2002, este processo sofreu alguns revezes e atrasos face à renitência por parte de alguns dos principais países poluidores (designadamente os E.U.A) em aderir, sendo que apenas no dia 16 de Fevereiro de 2005 (com a ratificação da Rússia), esta convenção entrou efectivamente em vigor.

Para se alcançar o objectivo definido neste protocolo, foram criados os designados - Mecanismos de Quioto: o Comércio de Emissões, que prevê a comercialização de quotas de emissão; a Implementação Conjunta, que prevê a possibilidade de transferência de quotas de emissão entre países e o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, que prevê a possibilidade de obtenção de créditos de emissão, através da implementação de projectos que contribuam para a redução de emissões em países em vias de desenvolvimento.

A entrada em vigor do Protocolo de Quioto, e o consequente surgimento de um comércio internacional de licenças de emissão, traduziu-se no nascimento de uma nova commodity – o Carbono.

Tal como a maioria das matérias-primas, o carbono passou a estar sujeito a um mecanismo de mercado assente na definição de preço por via bolsista (a Powernext Carbon, é a principal referência europeia para o mercado de licenças de emissão de carbono).

Este novo mercado abarca actualmente cerca de 12.000 instalações na U.E, das quais 244 instalações situam-se em Portugal (instalações de combustão, refinarias, produção de metais ferrosos, cerâmicas, vidros, entre outras), que em 2005 beneficiaram da “oferta” de 38,16 milhões de Ton./ano de Co2, ao abrigo do Plano Nacional de Atribuição de Licenças de Emissão.

De acordo com o referido Plano, todos os anos será feito um balanço desse processo de atribuição de licenças, sendo que cada operador deverá “devolver” licenças de emissão suficientes para cobrir as emissões do ano anterior. Se tiver em excesso poderá vender, caso contrário terá que recorrer à compra de licenças de emissão no CELE- Comércio Europeu de Licenças de Emissão.

Tendo presente esta realidade, vários países iniciaram já a implementação de mecanismos de responsabilização assentes no princípio do “poluidor-pagador”; sendo que em termos nacionais o Governo Português “congelou” a prometida taxa de carbono, anunciada como forma de onerar as actividades mais poluentes e fonte de receita para o Fundo do Carbono (recentemente criado).

Temendo que esta situação possa constituir um travão ao crescimento económico, diversos responsáveis ligados ao mundo empresarial vieram já alertar que o problema das alterações climáticas deve ser resolvido sem o "estrangulamento da actividade industrial", tendo em conta que este sector não será o principal responsável pelas emissões poluentes de dióxido de carbono.

Não obstantes estas ameaças, Portugal pode posicionar-se como um dos países mais privilegiados em termos de plataforma de comercialização e investimento na economia do carbono, face às excelentes relações históricas e comerciais com África, tendo já iniciado alguns contactos com alguns dos Países de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) para discutir investimentos no sector das energias, que possibilitem a diminuição de emissões de gases com efeito de estufa.

De acordo com diversos estudos, o continente africano afigura-se como uma excelente oportunidade para o desenvolvimento de projectos de investimento para a obtenção de créditos de emissão, ao abrigo do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo.

Foi recentemente apresentado um relatório encomendado pelo governo britânico a Nicholas Stern (antigo economista do Banco Mundial), acerca das alterações climáticas, concluindo que as mesmas exigem acção imediata, sendo que a inacção terá custos económicos globais idênticos aos das duas guerras mundiais ou aos provocados pela Grande Depressão de 1929, exigindo-se um investimento anual global de 1% do PIB (Produto Interno Bruto) durante os próximos 50 anos.

Segundo o mesmo relatório "as alterações climáticas são já inevitáveis, vamos senti-las nas duas ou três próximas décadas", no entanto, é possível “atalhar a severidade das consequências para não se chegar à situação de catástrofe”, através da estabilização da concentração de CO2 na atmosfera nos próximos 20 anos, para depois se iniciar uma redução gradual.

Perante este quadro, e não obstante o cariz “mercantilista” que este assunto venha a assumir, importa assegurar um forte compromisso por parte de toda a comunidade internacional, em torno dos objectivos previstos no Protocolo de Quioto, sob pena de podermos vir a hipotecar o futuro das gerações vindouras.

Como diria Doantien Sade, “Antes de ser um homem da Sociedade, sou-o da Natureza”.

Filipe Almeida de Carvalho

Economista

Consultor Empresarial/Institucional

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Estado vs 3º Sector

Nos dias de hoje, é urgente repensar as funções e o modo de organização do Estado de forma a potenciar a existência de uma sociedade com maior liberdade de escolha e responsabilidade individual, bem como para permitir a revitalização das instituições intermédias de cariz voluntário.

Torna-se então necessário enquadrar a reforma da Administração Pública tendo em conta o papel e peso do Estado na sociedade, libertando-a de um intervencionismo perverso e evitando alguns malefícios, pois ao tentar fazer de mais, o Estado acaba por não fazer bem aquilo que é essencial e primordial. È neste sentido que assume particular importância para aquilo que se pode apelidar de o libertar da sociedade, o fortalecimento de um sector intermédio (3.º sector), que promova soluções efectivas para os problemas públicos que o Estado, apesar do exponencial crescimento da despesa pública dos últimos anos e da burocracia, é incapaz de resolver. Contudo, este reforço tem que passar mais pelo fortalecimento do mercado e da liberdade individual do que pelas boas graças de subsídios governamentais. É essencial que as Câmaras Municipais desempenhem aqui um papel principal, no sentido de criar mecanismos e incentivos que possam potenciar a iniciativa privada, não ficando à espera da iniciativa do poder central.

Urge proceder à distinção entre serviços públicos e sector estatal. Para tal, os serviços governamentais existentes deverão ser sujeitos a uma rigorosa avaliação da necessidade regida pelo principio da subsidiariedade, bem como critérios e eficiência e rigor na sua prestação, por forma a determinar se não poderão ser fornecidos de forma mais vantajosa pelo sector privado.

Tudo isto é necessário para que o Estado se torne mais regulador e fiscalizador e menos prestador de serviços, para que desta forma a máquina politica e administrativa tenha uma função ordenadora e não perturbadora da vida económica, social e cultural.

É preciso ter a percepção de que os direitos sociais, pelo intervencionismo e desresponsabilização que acarretam, geram ineficiência económica, para além de corroer o espírito de providência dos indivíduos.

Um estado pesado, gastador e em larga medida ineficiente, é um Estado débil, incapaz de garantir a sua finalidade primordial.

Rui Neves
Secretário-geral CPS-JSD Águeda

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Referendo ao aborto. De que é que estamos a falar?



O Ideias Políticas, fórum de debate realizou no espaço Galeria de Sta. Rita no passado dia 12 de Janeiro uma tertúlia subordinada ao tema “Referendo ao aborto. Do que é que estamos a falar?”

Como convidados desta tertúlia estiveram a Dra. Paula Cardoso, Advogada e Presidente da Comissão de Protecção e Menores de Águeda, a Dra. Alexandra Loureiro, Psicóloga Clínica e Formadora e o Padre João Paulo pároco de Valongo do Vouga, de forma a que numa matéria onde deve existir uma percepção clara do que se está a referendar se possa construir dentro de cada um dos nós uma reflexão séria que culmine no próximo dia 11 de Fevereiro, onde o que será essencialmente proposto aos portugueses é a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez até às 10 semanas, com a expressão da vontade e da consciência de cada um.

Para a meia centena de pessoas presentes, que contribuiram para mais de duas horas e meia de animada conversa, esta tertúlia propôs como reflexão as dimensões, para o fórum essenciais, jurídica, humana e psicológica.

O Ideias Políticas procurará sempre responder ao ímpeto imposto pelas necessidades do debate cívico e sobre aquilo que nos une, a sociedade, tendo cumprido o seu papel neste momento de decisão.

Ana Carlos
Coordenadora Ideias Politicas

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Referendo ao Aborto. De que é que estamos a falar?


Numa matéria que nos parece séria demais para que toda a expressão aconteça de ânimo leve, importa-nos a nós, proporcionar um momento o mais diverso e completo no debate que se avizinha até à data do referendo de 11 de Fevereiro, onde o que será essencialmente proposto aos portugueses é a despenalização da IVG até às 10 semanas.

Assim, promovido pelo Ideias Políticas, forum de reflexão, entendemos proporcionar uma tertúlia que se vai realizar no próximo dia 12 de Janeiro pelas 21:30h na Galeria de Sta. Rita em Águeda fundeada em 4 pilares que nos parecem oportunos para o inicio de uma noite aberta e plural nas suas reflexões, sendo estes a vertente Psicológica, a dimensão Humana, a dimensão Jurídica e a componente Médico/Ética.

Pretendemos com esta conversa alargar o nosso espectro de conhecimento, sempre com o intuito de poder exercer a escolha do dia 11 de Fevereiro, mais informados, mais atentos e sobretudo em consciência com a individualidade que caracteriza cada um de nós.

Como tal convidamos todos a estarem presentes promovendo o que de mais rico qualquer sociedade pode usufruir, a evolução por meio do debate cívico.

Ana Carlos
Coordenadora Ideias Políticas

GALERIA DE ST.A RITA 12 JANEIRO 21:30 H

segunda-feira, janeiro 01, 2007

SER E PENSAR GOVERNO


Segundo o Engº Luís Mira Amaral a macroeconomia portuguesa teve uma ‘performance notável’ após a adesão à UEM.

Não posso estar mais de acordo.

Foi, sem dúvida alguma ( mesmo para aqueles que não admitem, não sabemos porque...) uma época de ouro para Portugal em termos de oportunidades de desenvolvimento. Todavia, o consumo português foi superior à sua produção, o crescimento dos salários mais elevado que o aumento da produtividade e o nível de vida suportado pelo endividamento externo.

Numa palavra, Portugal não soube aproveitar e mergulhou profundamente no aumento da despesa pública.

Actualmente parece que todo o combate desesperado deste País à beira mar plantado prende-se com o ‘como parar a despesa pública, sem deixar de ter investimento público’. Afinal, apesar de adepta da economia liberal, não pode o País ser completamente entregue à iniciativa privada, descurando a sua própria iniciativa.

Competitividade, produtividade, inovação e aumento de investigação nas empresas são conceitos que têm de interagir com a economia nacional. E também no sector público.

Pois bem, falar de competitividade no sector privado é algo previsível e consequente da natureza do sector.

Todavia, para que Portugal possa alinhar com a Europa desenvolvida, o Governo tem de atender também, nos seus serviços, a alguns aspectos: competitividade, produtividade, rigor e exigência na educação, tecnologia, conhecimento e a introdução de uma cultura de eficiência.

Todos estes aspectos são peças vitais na máquina de serviço público. Sob pena de o fosso ‘nós e os europeus’ criar um abismo intrasponível.

Assim, Portugal sempre terá de trilhar caminho para o desenvolvimento privado mas também no sector público. E o Governo deve saber equilibrar as suas preocupações nos dois domínios.

Vende-se património, atribui-se serviços do Estado à iniciativa privada, reforma-se a Administração Pública. Devíamos considerar que o Governo estaria no bom caminho.

Todavia, o Governo limita-se a transferir serviços, sem prévia e fundada análise do carácter vital do serviço em causa; limita-se a refazer, no papel, orientação para a função pública querendo reformulá-la a todo o custo, sem ter em conta o intuito da Administração Pública.

Impõe-se uma adequação de ideias e vontades aos objectivos pretendidos.

Impõe-se uma política de base construtiva que procure, acima de ideais económico-políticos, projectar Portugal na vanguarda.

Precisamos de um Primeiro-Ministro presente, que não oscile entre dar regalias e subtrair direitos, liberdades e garantias. Que sistematicamente não ataque uma certa e determinada classe de portugueses pois a outra não consegue afrontar.

Urge um novo modo de ser e pensar Governo.

Uma política equilibrante das forças sociais e económicas, sem idealismos demagógicos ou diálogos desgastados por uma ‘low performance’ de verdadeiro sentido de Estado e seu significado.

Paula Vaz Franco

Membro Assembleia Municipal Águeda

Grupo Municipal do Partido Social Democrata Águeda