terça-feira, março 27, 2007

Criação da Ibéria (vantagens ou problemas crónicos)


Nada melhor para começar um artigo do que com a questão: E se Portugal e Espanha se juntassem num único País, a Ibéria! Quais poderiam ser as sinergias a nível económico? E os problemas?

Para responder a estas perguntas, teríamos de certo que olhar para as vantagens e desvantagens que dai poderiam advir. Quando pensamos em dimensão, as vantagens são quase que incontornáveis, pois uma Península Ibérica unificada teria maior peso em termos demográficos e económico. Por exemplo, a dimensão, seria tão grande que Portugal subiria ao quinto posto na EU aos níveis populacional e económico, excelente posição, pois actualmente encontra-se na 10ª e 15ª, posições respectivamente. Se tal facto se verificasse a Ibéria representaria 13% da população e 9,6% do PIB da EU – 25. Mas contudo, existiram aspectos em torno das desigualdades de crescimento de Portugal e de Espanha, quase sempre melhor em Espanha, que se tornam entraves fortíssimos quando analisado, como é exemplo do PIB.

Actualmente o PIB per capita espanhol, em 2005, por exemplo, ultrapassou 20 800 euros, enquanto o português se ficou pelos 14 036. Ora se a Ibéria se formasse em 2005, teria um PIB per capita de cerca de 19 600 euros, valores que nitidamente beneficiam Portugal e prejudicariam os nuestros hermanos.

Por razões sobretudo históricas, os dois países tem relações privilegiadas com zonas geográficas distintas. Portugal com a África lusófona e o Brasil, e a vizinha Espanha com a restante América Latina. Em conjunto poderiam facilitar a penetração mútua nas respectivas áreas de influência e reforçar o seu papel internacional.

Um outro aspecto onde o nosso Pais poderia vir a ser beneficiado é sem dúvida nas áreas da educação. O nível de qualificação médio é superior em terras espanholas, e o abandono escolar é muito inferior ao registado em terras lusas.

De um modo geral a armada ibérica seria mais poderosa do que cada um dos Países individualmente, mas contudo correria o risco elevado de depressa naufragar. Existia um enorme risco e aumento de conflitos regionais e aspectos em torna da politica da Ibéria seriam quase que inevitáveis. A Espanha actualmente tem inúmeros problemas, despoletados por movimentos como a ETA. Já Portugal, numa análise pouco personalizada, depressa se percebe que as características culturais e até o nosso próprio nacionalismo seriam graves condicionantes á criação da Ibéria.

Para Portugal haveriam outras desvantagens de âmbito económico, a primeira é que mesmo apesar de melhorar, em média, as medidas de dispersão iriam certamente aumentar, os centros de decisão, as zonas industriais, os pólos de desenvolvimento tecnológico e de competências especificas tenderiam a mover-se para o centro da Península, por duas ordens de razões, sendo a primeira pela proximidade face ao resto da Europa e pela dimensão económica. No final de tudo isto, poderiam ser ainda mais pesados os custos da periferia e acentuar-se as divergências regionais em termos de poder de compra.

O principal risco para Portugal é claro deixar de ser um centro de decisão para se tornar numa região autónoma, como a Galiza. E, dessa forma, perder capacidade de defesa dos seus interesses específicos, a nível nacional, e nas instâncias internacionais, como a EU. Portugal só teria vantagem se os dois países formassem uma união de igualdade, o que nem sempre no campo teórico se afigura possível dada a dimensão inquestionável da economia espanhola, que conduziria, naturalmente, para um papel de líder.

Para grande parte dos economistas espanhóis, esta fusão levantaria problemas a nível político, social e cultural, trazendo quase nenhumas vantagens económicas. Isto porque deste ponto de vista, ambos os países já estão muito interligados sob o chapéu da EU e da zona euro.

A ideia é simples: Portugal e Espanha fazem parte de um mercado único europeu cada vez mais integrado, e já têm politicas comuns, de índole comunitária, nos sectores da produção, comércio externo e segurança entre outros. As potenciais economias de escala entre os dois países já estão a ser exploradas. Um bom exemplo disto mesmo é o mercado ibérico de electricidade. Mais: há sinergias que poderiam vir a revelar-se muito dolorosas, dado que Portugal e Espanha têm especializações produtivas similares. È o que sucede na agricultura e nas pescas por exemplo.

Em suma e depois de toda uma análise feita aos prós e contras de uma eventual criação da Ibéria, o melhor é esquecer o assunto, ou seja ambos os países devem navegar nas mesmas águas, as da EU, mas em barcos distintos.

Sérgio Neves
Estudante Ensino Secundário

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