quarta-feira, novembro 28, 2007

A perspectiva sobre Sá Carneiro por um jovem de 18 anos


É sempre um enorme e difícil desafio ter que escrever sobre uma figura singular e única como Francisco Sá Carneiro. Primeiro porque, na história de Portugal, ele é mais que um homem...é um mito! E é um mito por duas razões, antagónicas talvez. Primeiro pela forma como acontece a sua morte. Atentado para uns, acidente para outros, o facto é que ainda hoje, vinte anos depois, ainda nada de concreto se apurou. Segundo, pela forma ímpar como viveu.
Com uma personalidade controversa e aliando a isso uma enorme força de vontade, e de lutar contra tudo o que se opunha aos seus ideais, é para mim um ícone e exemplo único a seguir.

Viveu talvez pouco tempo para concretizar as reais modificações que tinha em mente.
Para mim, Sá Carneiro é, e sempre será, um exemplo a seguir, para os jovens e para os menos jovens, que de uma forma mais ou menos predominante, queiram dar algum contributo pessoal à sociedade em que nos encontramos. Um homem generoso, solidário, com uma personalidade contagiante, hoje raramente encontrada, traçou um percurso político controverso e fulgurante no nosso Pais. Criou e defendeu os seus próprios ideais, rompendo em quase tudo a que esteve ligado. Era uma figura intuitiva e apaixonada, não pelos outros, mas por si e pelas suas aspirações, futuristas demais talvez, para o poder da altura, hoje actuais e bem realistas.

Para um jovem de 18 anos, como eu, Francisco Sá Carneiro, é sem dúvida um exemplo a seguir. Hoje, perde-se muito depressa a vontade de correr pelos nossos ideais, muitas vezes nem os temos sequer. É cada vez mais difícil, encontrar forças humanas de mobilização como o fundador do PSD, pessoas capazes de pensar no futuro de forma tão inovadora quanto contestada. Numa época em que o descrédito da classe politica é grande, eu diria até que só alguém com o carácter de Sá Carneiro teria a força capaz de inverter este marasmo em que vive a politica e os políticos em Portugal. Não sei se sozinho o fosse conseguir. Mas estou certo de que os jovens iriam encarar toda esta problemática com outros olhos.

Hoje porém, os tempos são outros, ainda assim, é necessário não deixar de pensar no futuro e de enfrentar os problemas actuais e reais com frontalidade.

Para um jovem, como eu, é quase uma banalidade, viver num estado de direito democrático, pertencer à União Europeia e a todos os seus direitos e deveres reservados. Para nós, isso é normal.

É difícil perceber a importância que tinha para este homem, tornar Portugal num Pais moderno, democrático e aberto. É notável, para a época que estamos a falar, pensar como este homem, e poucos o faziam, acreditava na Europa, na União, nos direitos do Povo e nos direitos humanos, na social democracia como base para um Estado mais justo, igual e solidário para todos.

Banalidades hoje para muitos, sonhos para os nossos pais e realidades quase impossíveis de realizar para os nossos avós, que só se tornaram possíveis graças á força e preserverança de homens como Francisco Sá Carneiro.

Para mim, o tal jovem de 18 anos, a perspectiva que tenho sobre Sá Carneiro, é de que não era apenas um homem bom e activo na sociedade. Era e sempre será, um exemplo real do que deve ser o verdadeiro político.

Sérgio Neves, 18 anos