quinta-feira, março 30, 2006

CONSCIENTES ?

Com o início deste ano de 2006, é tempo de fazermos alguns balanços sobre os desafios que Portugal enfrentou em 2005. A sinistralidade rodoviária foi um desafio colocado a todos os portugueses, será que o vencemos?

O novo código da estrada que entrou em vigor a 26 de Março de 2005, veio mostrar que, numa análise mais genérica, contabilizaram-se menos condutores a viajar em excesso de velocidade, a circular sem cinto de segurança, sem seguro automóvel e a falar ao telemóvel.

Por outro lado, verificou-se um aumento da condução com excesso de álcool apesar do agravamento da sua penalização. Numa análise mais específica, mas que importa seguramente referir, foram detectados 22.746 condutores com taxa de álcool ilegal entre abril de 2005 e janeiro de 2006 ( mais 12% do que o período homólogo anterior ), sendo também 122.679 condutores detectados em excesso de velocidade entre abril de 2005 e janeiro de 2006 (menos 8% do que o período homólogo anterior ), mas curiosamente, 26.103 condutores a falar ao telemóvel entre abril de 2005 e janeiro de 2006 ( menos 38% que no período homólogo anterior ). São dados nacionais que nos deixam a pensar. Mas se analisarmos o nosso Distrito, Aveiro apresentou na EN 222, 6 acidentes, na EN 223, 11 acidentes, 1 morto e 2 feridos graves, relativamente àquilo que se considera um ponto negro, isto é, um lanço de estrada com 200 metros de extensão, onde se registaram pelo menos cinco acidentes com vítimas num ano. Portanto, o balanço ainda que seja sempre trágico, é positivo.

O actual Governo prepara um novo plano de prevenção rodoviária até 2015, pedindo um esforço maior entre as forças de segurança e as câmaras municipais, auditorias de segurança rodoviária em vias que sejam criadas no âmbito municipal, mas como e feitas por quem? Continuam a faltar projectos de educação nas escolas, a burocracia continua imensa e continuamos sem apostar verdadeiramente na formação.

A nossa autarquia deve ela própria chamar a atenção para este problema, estar atenta aos cada vez maiores problemas de trânsito nos acessos e dentro da cidade, aos sinais mal colocados, induzindo muitas das vezes os automobilistas em erros, entre tantos outros problemas ainda que pequenos, fazem no seu todo, um problema maior.

Ainda muito recentemente ocorreu um acidente rodoviário brutal no nosso Concelho, portanto é um desafio sempre presente para Águeda. Acredito na consciência de cada um como prevenção da sinistralidade rodoviária. Seremos conscientes?

Carlos Franco, Águeda, 27 de Março de 2006

terça-feira, março 14, 2006

Ainda os cartoons - A never ending story

O jornal iraniano Hamshahri lançou um concurso com o tema “Onde está o limite da liberdade de expressão no Ocidente?”.
O jornal apresenta a iniciativa como uma resposta à publicação das caricaturas do profeta Maomé na imprensa europeia, dizendo que “A liberdade de expressão é um pretexto para os ocidentais poderem insultar as convicções muçulmanas”.

O editor do Hamshahri, Farid Mortazawi, diz que os judeus podem estar descansados porque concurso não pretende insultar a comunidade judia nem pôr em causa o Holocausto. “O nosso objectivo é avaliar os limites da liberdade de expressão”.

O site “Iran Cartoon” é quem está a publicar os cartoons que forem chegando e o primeiro veio de um australiano, Michael Leunig, que diz ter feito a caricatura “por solidariedade com o mundo muçulmano e para exercer o seu direito à liberdade de expressão”.

Sem dúvida, o tema dos cartoons é algo que se está a tornar um pouco atrofiante – na verdade, corre o risco de se tornar uma autêntica novela sem fim onde por entre ataques e mais ataques se vai, alegadamente, discutindo os limites da liberdade de expressão.

A liberdade de expressão nunca esteve em causa, a ofensa à dignidade de qualquer religião nunca esteve também em causa ou sequer ameaçada – tudo o resto são meras desculpas para incendiar ainda mais dois lados que se degladiam há demasiado tempo.

Duas ideologias que provavelmente mantêm acesa a chama do conflito pois a palavra paz e o sentido que dela advém, não consta nem do dicionário nem do próprio pensamento destes povos.

Se calhar seria melhor Israel e a Palestina deixarem de dar desculpas de que o que se está a passar é um extremar de posições entre ocidente e oriente e realmente aceitarem o facto de que os dois povos não conseguem co-existir pacificamente.

Paula Vaz Franco
13 Março 2006

segunda-feira, março 06, 2006

Rumo à Montanha

Águeda é um Concelho rico, não só pela qualidade das suas gentes mas também pela extensa e vital mancha florestal que possui.

A importância desta área verde não emana apenas da sua componente ecológica, mas também económica, lúdica e social. Relevante a floresta enquanto fonte de rendimento tem sido determinante no minorar das tendências migratórias das populações, evitando assim a desertificação da zona montanhosa do Concelho. Mais do que factor de rentabilidade económica, é consensual para nós Aguedenses, e em particular para os seus jovens, que as mais valias patrimoniais e naturais podem e devem ser catalisadores de iniciativas arrojadas e atractivas.

Devemos pensar na requalificação da nossa floresta e perceber que vivemos num tempo de economia globalizada onde deveremos estar atentos à competitividade no sector florestal. O planeamento florestal não só deve integrar a parte de exploração como conferir a esta um carácter de sustentabilidade. Temos assistido nos últimos 20 anos ao proliferar da plantação do eucalipto, sabendo que este enferma o solo de deficiências no seu equilíbrio, aumentando também o factor de erosão. É necessário encontrar espécies alternativas, diversificar mercados, intervir junto dos proprietários, adequar os métodos de plantação.

Num momento onde o Eco-Turismo e o Turismo Rural assumem um papel muito importante na indústria turística nacional, Águeda tem condições de excelência para poder estar na vanguarda dessa nova forma de viver os tempos de lazer. Perceber que os nossos lugares de serra necessitam de um constante e atento olhar sobre as suas vias de comunicação internas e externas é perceber que damos um passo no sentido de diminuir o risco de desertificação, aumentando a apetência pela recuperação do tecido habitacional degradado, recheado de tradições e história. É perceber que estas vias além de fornecerem um apoio vital à exploração dos recursos florestais podem e devem ser um aliciante ao investimento de novas indústrias de transformação de madeira retendo no concelho o valor acrescentado dessa mesma indústria.

Não são apenas estas vias as essenciais – a degradação dos caminhos florestais tem que ser evitada, não apenas porque muitas vezes levam ao desaparecimento de rotas e ligações tradicionais entre povoações, que edificam as memórias colectivas de uma população, mas também porque na sua outra vertente são meio essenciais de combate ao fogo. É também uma importante dimensão destes caminhos todo o seu planeamento a nível de traçado, já que com base neste, a criação de um Roteiro Aventura poderá dotar toda a zona de serra de mais valias e pontos de interesse notáveis, introduzindo variáveis como a paisagem, espaços de floresta autóctone, percursos de desporto aventura, percursos de índole histórica, etc.

Sensibilizar todos e em especial os jovens para a preservação da nossa floresta é uma obrigação de quem possui tão vasta área florestal, aproveitando-a para interligar toda a comunidade escolar do concelho, activando os seus recursos também como forma de educar e consciencializar.

Os fogos florestais são o principal inimigo das áreas florestais sendo a vigilância e limpeza os principais factores de prevenção, mas é necessário instituir uma dinâmica entre públicos e privados que potencie a defesa deste património universal.

Rentabilizar os nossos recursos de forma a permitir uma consciencialização ambiental é uma forma de estar cada vez mais necessária e uma urgência na preservação do futuro, e… Águeda merece.

Marco Abrantes

Águeda 05 Março de 06

Foto Rio Águeda - Freguesia do Préstimo