segunda-feira, março 06, 2006

Rumo à Montanha

Águeda é um Concelho rico, não só pela qualidade das suas gentes mas também pela extensa e vital mancha florestal que possui.

A importância desta área verde não emana apenas da sua componente ecológica, mas também económica, lúdica e social. Relevante a floresta enquanto fonte de rendimento tem sido determinante no minorar das tendências migratórias das populações, evitando assim a desertificação da zona montanhosa do Concelho. Mais do que factor de rentabilidade económica, é consensual para nós Aguedenses, e em particular para os seus jovens, que as mais valias patrimoniais e naturais podem e devem ser catalisadores de iniciativas arrojadas e atractivas.

Devemos pensar na requalificação da nossa floresta e perceber que vivemos num tempo de economia globalizada onde deveremos estar atentos à competitividade no sector florestal. O planeamento florestal não só deve integrar a parte de exploração como conferir a esta um carácter de sustentabilidade. Temos assistido nos últimos 20 anos ao proliferar da plantação do eucalipto, sabendo que este enferma o solo de deficiências no seu equilíbrio, aumentando também o factor de erosão. É necessário encontrar espécies alternativas, diversificar mercados, intervir junto dos proprietários, adequar os métodos de plantação.

Num momento onde o Eco-Turismo e o Turismo Rural assumem um papel muito importante na indústria turística nacional, Águeda tem condições de excelência para poder estar na vanguarda dessa nova forma de viver os tempos de lazer. Perceber que os nossos lugares de serra necessitam de um constante e atento olhar sobre as suas vias de comunicação internas e externas é perceber que damos um passo no sentido de diminuir o risco de desertificação, aumentando a apetência pela recuperação do tecido habitacional degradado, recheado de tradições e história. É perceber que estas vias além de fornecerem um apoio vital à exploração dos recursos florestais podem e devem ser um aliciante ao investimento de novas indústrias de transformação de madeira retendo no concelho o valor acrescentado dessa mesma indústria.

Não são apenas estas vias as essenciais – a degradação dos caminhos florestais tem que ser evitada, não apenas porque muitas vezes levam ao desaparecimento de rotas e ligações tradicionais entre povoações, que edificam as memórias colectivas de uma população, mas também porque na sua outra vertente são meio essenciais de combate ao fogo. É também uma importante dimensão destes caminhos todo o seu planeamento a nível de traçado, já que com base neste, a criação de um Roteiro Aventura poderá dotar toda a zona de serra de mais valias e pontos de interesse notáveis, introduzindo variáveis como a paisagem, espaços de floresta autóctone, percursos de desporto aventura, percursos de índole histórica, etc.

Sensibilizar todos e em especial os jovens para a preservação da nossa floresta é uma obrigação de quem possui tão vasta área florestal, aproveitando-a para interligar toda a comunidade escolar do concelho, activando os seus recursos também como forma de educar e consciencializar.

Os fogos florestais são o principal inimigo das áreas florestais sendo a vigilância e limpeza os principais factores de prevenção, mas é necessário instituir uma dinâmica entre públicos e privados que potencie a defesa deste património universal.

Rentabilizar os nossos recursos de forma a permitir uma consciencialização ambiental é uma forma de estar cada vez mais necessária e uma urgência na preservação do futuro, e… Águeda merece.

Marco Abrantes

Águeda 05 Março de 06

Foto Rio Águeda - Freguesia do Préstimo

1 comentário:

Paula Franco disse...

e alguém disse 'and you stay on tha corner, young man, until you agree that youthful idealism is a bad idea'...eu diria, jamais! cabe-nos este idealismo de projectar Agueda num futuro melhor. Equilibrar as realidades do concelho - urbana e serrana.