terça-feira, novembro 15, 2011

É tudo um problema de pontes


Nestas linhas, alinho algumas ideias que me parecem importantes numa altura em que Águeda se torna notícia, infelizmente pelas piores razões.

Poderia dar o meu ponto de vista sobre o assunto, como tantos outros, oportunos ou não, mas pego antes no triste exemplo da autarquia ao não intervir a tempo na ponte de Lamas do Vouga, para alertar para outros exemplos que me preocupam, que também são avisados e ignorados e mais tarde, acabam por ruir seja de que forma for.

Falo-vos das políticas de Juventude da nossa autarquia.

Na passada Assembleia Municipal, sobre o estado do concelho, a deputada eleita pelo PSD, Joana Santos, levou a cabo a apresentação de um conjunto de propostas, em consonância com a JSD de Águeda, todas sobre a juventude de forma a criar e melhorar formas de fixar, empregar e consciencializar esta classe da população, completamente esquecida pelo actual executivo, onde se referiu ao estado do município nesta matéria, abordando aspectos como se existe alguma estratégia integrada e única para a juventude em Águeda, a insegurança crescente, a falta de qualquer apoio ao empreendedorismo jovem e a fixação dos jovens em Águeda cidade e freguesias limítrofes.

As pessoas, em especial os jovens, fogem de Águeda, não tem habitação barata no concelho, não tem empregos nem formação adequada às procuras das indústrias locais, e o pouco que tem sido feito como é o exemplo da Incubadora, no terreno ainda não deu provas concretas.

As pontes entre o município e os jovens estão a degradar-se e cair. Cada dia que se investe milhões de euros em parques e jardins, em que se partem avenidas e que se prometem mais festas para se ir de bicicleta, existem pontes a cair, pois é apenas mais gente que se afasta e que não observa um cenário animador no futuro, pelo menos, na terra onde nasceu e cresceu.

Nos não precisamos de ciclovias que derrapem, precisamos de pontes que não caiam.


Sérgio Neves, Presidente da Comissão Politica da JSD Águeda

sexta-feira, fevereiro 25, 2011

Coragem e Responsabilidade (II)

Mas a coragem não é só necessária nesses momentos. É preciso coragem, também em momentos de silêncio, de acalmia mediática. Aí a coragem é outra: a coragem de limpar armas, arrumar a casa e seguir mais aprumado.

A retirada de consequências políticas de tomadas de posições específicas, muitas vezes das mais silenciosas, de discursos que não se ouvem e que não se lêem é reveladora da nossa posição na política. A falta de coragem nunca pode ser esquecida, nem se espera que outra seja a consequência, mesmo pelo próprio cobarde.

Quando alguém assume publicamente um comportamento sabe quais as consequências que o espera. No processo de decisão, cada um de nós avalia a bondade, o risco e as consequências que daí podem advir. Se não existe a posterior consequência, torna aquele que tomou a decisão irresponsável e inconsciente, deixa os outros desacreditados e deixa os responsáveis por uma repercussão, descredibilizados e frouxos.

Ademais, se a tomada de posição for contrária a princípios políticos, classificando-a, dessa forma, de uma má decisão, de que vale manter confiança em alguém que já sabemos qual a sua natureza?

A confiança quer do abrangido pela decisão, quer dos outros companheiros estará irremediavelmente comprometida e a consequência política a não existir, determinará por si só a nossa própria inexistência. Porque de facto, naquele momento, no momento em que a coragem é pedida aos outros, nós próprios fugimos da coragem que devíamos ter, e não existimos enquanto grupo.

A coragem entrará então no campo da responsabilidade. Quando pedimos que um determinado governante seja corajoso, queremos dele um determinado comportamento que achamos correcto segundo os nossos valores. E é por esse facto que mais tarde, não havendo correspondência, retiramos a consequência lógica e não votamos nessa pessoa, ou seja, assumimos uma posição de coragem e responsabilidade.

Ao votarmos na mesma pessoa, mantendo o status quo ou quando nos abstraímos dessa votação, colocando-nos de parte, passamos a ser parte do problema e não da solução.

A abstenção, que não seja propositada, é um sinal claro da falta de coragem e responsabilidade. E todos nós lutamos, em todas as eleições contra ela. Esse e este combate por si só são actos de coragem e de responsabilidade, pois, desprovidos de interesse pessoal, assumem não querer manter a situação actual das coisas.

É por isso que, nos dias de hoje, não podemos pedir coragem a políticos que conhecemos pela sua falta intrínseca de coragem, a políticos que conhecemos pela sua actuação pública e política desconcertada se, no mínimo, nós próprios não assumimos posições de coragem.

Note-se que uma posterior posição levará sempre a uma consequência, mas veja-se: há várias formas, silenciosas ou não, discretas ou não, internas ou externas de tomar uma decisão; uma posição de coragem baseada na verdade e sem artificialidade nunca verá a sua razão ou bondade ser discutida, ter coragem é ser responsável e, por último, a coragem é sempre recompensada!


João Paulo Veiga

segunda-feira, fevereiro 07, 2011

Coragem e Responsabilidade Parte (I)

Em qualquer momento da história política existem decisões para ser tomadas. Essas decisões, mesmo as mais conseguidas, são sempre tomadas por um homem normal. Ao mito de que é nas horas mais críticas que os espíritos superiores se revelam, contrapõe-se um feliz pensamento, mais justo: as decisões são tomadas por aqueles que aparecem.

Quem está presente num determinado momento não pode esperar um golpe intuitivo ou de genialidade para assumir uma determinada posição, nem esperar um outro tipo de revelação mágica para agir. É, no entanto, nestes momentos que mais se sente falta de uma importante virtude: a coragem.

Intrínseca ao processo de decidir, mas muitas vezes esquecida, a coragem vem por estes dias escasseando. É por outro lado, a mais criticada das virtudes. Ao assumirmos uma determinada posição, sabemos que as consequências podem ser várias, mesmo as posições tomadas puramente na área da retórica.

Ainda recentemente Pedro Passos Coelho tomou uma forte posição: as empresas públicas que dão prejuízo crónico devem ser fechadas.

A coragem não é muita se pensarmos na sensibilidade actual, da população em geral, no sentido de terminar com as mordomias e desigualdades muitas vezes existentes nesses organismos.

A coragem está no facto de PPC dirigir o maior partido português, cuja fervilhação interna assim que se sente no poder é de tal modo que a pura existência de tantos cargos para distribuir, compacta o partido na procura da vitória nas, iminentes, eleições legislativas.

Mas, dizia, entende-se a bondade por detrás desta afirmação – a ideia de diminuição dos gastos operacionais e não operacionais do Estado, com prevalência nos campos onde a intervenção do Estado ou não se justifica ou onde concorre mal com os privados. A ideia de que, tal como os privados, o Estado deve vigiar as suas contas e zelar, consequentemente, pelo cumprimento das suas obrigações com os seus devedores.

A falta de ponderação política da frase, aliada ao desenquadramento noticioso em que a mesma foi proferida, levou à rápida proliferação de vozes críticas. Se repararem, o que PPC disse foi que queria saber quais as empresas públicas que dão prejuízo crónico. Mas não foi isso que passou. Chegou mesmo a ouvir-se que PPC tinha um preconceito ideológico contra tudo o que era público. Faltou, dizem alguns, individualizar as empresas, apontar números e tornar incontestável o seu argumento.

O Estado, como sabemos, não pode viver segundo a mesma lógica que os privados, e deve mesmo em sectores específicos ter um prejuízo crónico. Mas essa não é a regra. A regra, como sempre defendeu o PSD é o despesismo, o nepotismo e o rombo persistente nas contas em sectores não essenciais, em fundações e institutos rapidamente criadas mas muito vagarosamente extintos. Mas, mais uma vez a mensagem não passou.

Esta é a marca do mais recente PPC. Numa crise sem precedentes, internacional, mas muito influenciada por sucessivas políticas arruinadoras por parte do Partido Socialista, com o descrédito na classe política actual, também sem precedentes, e com uma imagem inicialmente renovadora, PPC vê-se agora com a imagem gasta, sem conseguir sequer passar a sua mensagem.

A comunicação falha e as sondagens não disparam. O estilo esse é totalmente diferente do actual Primeiro-Ministro. Mais preocupado com a matéria que com a forma, mais preocupado com o conteúdo que com a imagem, não torna suficiente na população a vontade de o eleger rapidamente, sentimento que seria o mais normal e concebível face à descrença na actual Governação.

É nestes momentos que a coragem política mais falta faz. A coragem de assumir reformas estruturais, a coragem de assumir planos a longo prazo, a coragem de assumir uma posição de mudança. A mudança não pode ser apenas um slogan de campanha, já centenário.

Desde logo porque esgota-se rapidamente e passa a cheirar a mais do mesmo. Para que isso não aconteça, basta atentar na democracia norte-americana. Há 3 anos atrás, Obama, empolgado com a sua brilhante retórica, inicia as primárias com “WE WANT CHANGE”. Mesmo não sendo o único dos democratas que o acolhiam, o slogan ficou indissociavelmente ligado a ele. Mas não se bastou aí. Após New Hampshire e a campanha com McCain, iniciou, de facto, um conjunto de reformas (sendo as mais marcantes a revogação da Lei Don’t Ask, Don’t Tell e a aprovação da Reforma do Sistema de Saúde) que mantêm, por incrível que pareça, a mensagem de Mudança actual. Mesmo sendo Presidente há 2 anos refere-se constantemente à Mudança e a mensagem não cansa, mesmo perante os media republicanos, como por exemplo aconteceu no discurso sobre o Estado da Nação, no passado mês de Janeiro.

João Paulo Veiga

domingo, janeiro 30, 2011

Carta Aberta da JSD Águeda

Os tempos vão difíceis!

O país está de tanga!

Salve-se quem puder!

É neste cenário de crise e desespero generalizado, no qual desde há muito tempo se encontra mergulhado Portugal, que aqui e ali, vão surgindo iniciativas briosas, acções de grande mérito e valor, bem como se distinguido homens e mulheres, que de forma séria e abnegada, se têm vindo a dedicar a uma causa: o VOLUNTARIADO.
O trabalho e a ajuda, em prol do outro, sem nada em troca, nada pedirem ou receberem.
O velho e tradicional lema rotário, “ dar de si, antes de pensar em si”.
Assim chegamos ou âmago e essência desta carta aberta: o alerta para a necessidade premente de cada vez mais e mais pessoas abdicarem de um pouco do seu tempo e trabalharem em prol da comunidade onde vivem.
Foi neste contexto e sentido, que começaram a surgir em Portugal, as primeiras LOJAS SOCIAIS.
Estas têm como objectivo suprir as necessidades imediatas das famílias carenciadas, através da recolha de objectos usados ou novos, bem como de bens alimentares doados por particulares ou empresas:
- Roupas, calçado, utensílios domésticos, roupas de cama, brinquedos, móveis, tudo aquilo que já não faz muita falta, mas que pode fazer a diferença para tantas famílias do nosso concelho.
Estes objectos são posteriormente doados às famílias mais carenciadas dos concelhos, que lá se lhes dirigem, fazendo fé e prova da sua fraca condição social e estado de necessidade presente.
As LOJAS SOCIAIS, não têm qualquer fim lucrativo, antes pelo contrário, não fazendo apenas a mera redistribuição destes bens, mas antes acompanhando essas famílias mais carenciadas e encaminhando-as, caso estas também assim o desejem, para outras instituições de apoio.
Assim, já era tempo de na nossa cidade, em Águeda, à semelhança do que acontece em diversas outras localidades por este país fora, ser aberta ao público, um Loja de cariz solidário e social, nos moldes atrás referidos.
Loja essa, a ser “gerida” pelos órgãos autárquicos, ou por uma instituição de solidariedade social de reconhecido mérito concelhio, IPSS ou não, que ficaria responsável pela orgânica logística desta operação, sendo para tal indispensável claro, a colaboração de voluntários.
Assim, e deste modo singelo, aqui fica o repto da Juventude Social Democrata de Águeda, às valorosas instituições de solidariedade social do nosso concelho, para que mais uma vez aceitem um novo desafio, agora com a criação de uma LOJA SOCIAL, para que nestes tempos tão dúbios e incertos em que vivemos, surja mais “ uma luz ao fundo do túnel”, capaz de nortear a refundação dos valores da sociedade em detrimento do pragmatismo e individualismo instalados.
Dr. Tiago Lavoura