segunda-feira, janeiro 01, 2007

SER E PENSAR GOVERNO


Segundo o Engº Luís Mira Amaral a macroeconomia portuguesa teve uma ‘performance notável’ após a adesão à UEM.

Não posso estar mais de acordo.

Foi, sem dúvida alguma ( mesmo para aqueles que não admitem, não sabemos porque...) uma época de ouro para Portugal em termos de oportunidades de desenvolvimento. Todavia, o consumo português foi superior à sua produção, o crescimento dos salários mais elevado que o aumento da produtividade e o nível de vida suportado pelo endividamento externo.

Numa palavra, Portugal não soube aproveitar e mergulhou profundamente no aumento da despesa pública.

Actualmente parece que todo o combate desesperado deste País à beira mar plantado prende-se com o ‘como parar a despesa pública, sem deixar de ter investimento público’. Afinal, apesar de adepta da economia liberal, não pode o País ser completamente entregue à iniciativa privada, descurando a sua própria iniciativa.

Competitividade, produtividade, inovação e aumento de investigação nas empresas são conceitos que têm de interagir com a economia nacional. E também no sector público.

Pois bem, falar de competitividade no sector privado é algo previsível e consequente da natureza do sector.

Todavia, para que Portugal possa alinhar com a Europa desenvolvida, o Governo tem de atender também, nos seus serviços, a alguns aspectos: competitividade, produtividade, rigor e exigência na educação, tecnologia, conhecimento e a introdução de uma cultura de eficiência.

Todos estes aspectos são peças vitais na máquina de serviço público. Sob pena de o fosso ‘nós e os europeus’ criar um abismo intrasponível.

Assim, Portugal sempre terá de trilhar caminho para o desenvolvimento privado mas também no sector público. E o Governo deve saber equilibrar as suas preocupações nos dois domínios.

Vende-se património, atribui-se serviços do Estado à iniciativa privada, reforma-se a Administração Pública. Devíamos considerar que o Governo estaria no bom caminho.

Todavia, o Governo limita-se a transferir serviços, sem prévia e fundada análise do carácter vital do serviço em causa; limita-se a refazer, no papel, orientação para a função pública querendo reformulá-la a todo o custo, sem ter em conta o intuito da Administração Pública.

Impõe-se uma adequação de ideias e vontades aos objectivos pretendidos.

Impõe-se uma política de base construtiva que procure, acima de ideais económico-políticos, projectar Portugal na vanguarda.

Precisamos de um Primeiro-Ministro presente, que não oscile entre dar regalias e subtrair direitos, liberdades e garantias. Que sistematicamente não ataque uma certa e determinada classe de portugueses pois a outra não consegue afrontar.

Urge um novo modo de ser e pensar Governo.

Uma política equilibrante das forças sociais e económicas, sem idealismos demagógicos ou diálogos desgastados por uma ‘low performance’ de verdadeiro sentido de Estado e seu significado.

Paula Vaz Franco

Membro Assembleia Municipal Águeda

Grupo Municipal do Partido Social Democrata Águeda

3 comentários:

Anónimo disse...

Qualquer reforma está,desde logo condenada ao insucesso se tiver por base apenas uma ideia de contenção da despesa. E é errado pensar que a politica dos três E(s) - Economia, Eficiência e Eficácia - na lógica de um processo de reforma, tem frutos a curto prazo.

A falta de coragem politica para aplicar medidas muito pouco populares tem um preço. E é esse preço estamos todos agora, de uma forma ou de outra, a pagar. E a leitura que faço é que a factura tem sido mais cara aos funcionários públicos, culpados nestes últimos tempos de todos os males da nação lusa!!!

Anónimo disse...

não posso estar mais de acordo...o fosso entre as duas classes é cada vez maior uma vez que a classe média tende a desaparecer com tanto sacrifico que o Governo pede. Era urgente inverter o rumo dos acontecimentos, se o Governo assim não entende, então a oposição tem um papel crucial no combate a esta maneira de governar. Todavia, a oposição tem realmente de ser oposição.

Anónimo disse...

Segundo um relatório europeu divulgado recentemente, Portugal passou de bom para mau aluno. De acordo com o mesmo, apesar das vantagens imediatas da entrada na Zona Euro, desde 1999 que o n/ País tem vindo a afastar-se do nível de vida dos seus congéneres europeus(desde logo devido à ausência de reformas quando a economia estava em ciclo de crescimento - como advoga a teoria económica). Se o diagnóstico é consensual, bem como a necessidade urgente de reformas estruturais a diversos níveis, já a "forma" pode ser questionável. A este governo (de maioria absoluta) cabe governar, mas é essencial que tenha a humildade política de ouvir os contributos da oposição e da sociedade civil neste importante processo de transformação nacional.