domingo, dezembro 16, 2007

DISCRETEANDO SOBRE… Juventudes Partidárias

As juventudes partidárias são estruturas de índole geracional, autónomas por definição, mas com uma ligação umbilical e inextricável aos respectivos partidos políticos e integram os militantes que se enquadram numa dada faixa etária (dos 14 aos 30 anos, normalmente).

No actual panorama partidário cá da urbe, as juventudes partidárias são vistas como uma espécie de longa manus do partido-mãe e um valhacouto ou alfobre de párias que, à míngua de coisa melhor, se acoitam nas "jotas", à espera do consabido "tacho". E não falta logo quem, pressurosamente, traga à liça certos casos de indivíduos nados e criados nas "jotas" que nunca desempenharam uma profissão antes de se tornarem políticos profissionais.

Diz-se mesmo que, em matéria de maus comportamentos políticos, as estruturas jovens dos partidos são a melhor "escola do crime". Na verdade, os infantes limitam-se a fazer funcionar as estruturas partidárias em que se inserem como uma espécie de antecâmara do poder, copiando em tudo (sobretudo nos maus exemplos) o modus operandi dos partidos-mãe.

São frequentes os casos de partidos políticos que, não podendo tomar determinadas posições públicas em relação a certos casos (para não se desgastarem…), incumbem a "jota" respectiva de tomar posições públicas, as mais delas verdadeiros doestos dirigidos aos visados/adversários; outras vezes mandam a estrutura júnior colocar em discussão temas controvertidos, de uma forma extravagante, de modo a tomarem o pulso à sociedade e a apresentarem, depois, o mesmo tema, mas de uma forma menos vigorosa (assim parecendo que estão a apresentar uma ideia moderada, quando ela é, de facto, radical – não tanto, é certo, como a que foi apresentada ousadamente pela "jota").

Em artigo atinente às organizações políticas de juventude, não poderíamos deixar de fazer referência à consabida tarefa de colar cartazes pelos neófitos das andanças políticas, ao empunhar das bandeiras, aos saltos ululantes e clangorosos nos comícios e aos famigerados congressos – qual entremez e laboratório de fabricação de políticos – com a rapaziada agindo e falando como os políticos crescidos (com as negociatas inerentes, as traições, a bajulação brejeira, a palavra oca e estéril no conteúdo, mas arrebatadora na forma...).

Não obstante esta imagem que as juventudes partidárias exornam, há projectos sérios e gente empenhada e genuinamente interessada em, através das respectivas estruturas (locais, distritais e nacionais), colocar o seu saber ao serviço das populações. E para que a imagem negativa que lhes anda ligada se estiole e as juventudes partidárias não sejam estigmatizadas com o ferrete de boys, é mister que sejam capazes de estabelecer uma agenda própria, radicalmente distinta da dos partidos.

E essa agenda deve passar, inexoravelmente, pela escolha de temas relacionados com os problemas…dos jovens. Esta verdade elementar, estranhamente, é quase sempre postergada, e as estruturas partidárias congregadoras dos jovens limitam-se a repetir, com um pouco mais de barulho ou de forma mais radical (e por vezes de forma leviana e irresponsável), os assuntos que fazem parte da agenda do partido-mãe. Ora, trata-se, no entender do subscritor destas linhas, de uma forma errada de fazer (e de estar na) política: na verdade, ao agirem assim, os jovens políticos ficam ligados a uma ideia de radicalismo na acção, com a correspectiva falta de credibilidade que lhe anda associada, e tratam esses assuntos de uma forma perfunctória, ligeira e insípida (os partidos, qua tale, porque dotados de quadros com uma formação mais sólida, conseguem tratar esses assuntos de uma forma muito mais aprofundada e proficiente).

Por outro lado, de entre o leque de temas que podem parecer mais adequados a um tratamento pelas juventudes partidárias, são quase sempre escolhidos aqueles que são apodados de fracturantes. E isto acontece tanto mais quanto essas juventudes partidárias se situam mais à esquerda do espectro partidário. Seja o exemplo da defesa da legalização das drogas leves, das salas de injecção assistida (vulgo, salas de chuto), do abortamento livre, da eutanásia, et coetera, verdadeiras bandeiras da esquerda avulsa. Há até juventudes partidárias cujo leque de temas se esgota nos que foram enunciados no parágrafo anterior. Id est, muitas vezes os aparelhos partidários das "jotas" querem fazer passar um conjunto de vacuidades por verdadeiras propostas! E à irresponsabilidade ousam chamar irreverência!

Nos dias de hoje, todos trazem na boca meia dúzia de chavões, sonantes, prontos a debitar em qualquer ocasião. Avultam o empreendedorismo, a iniciativa, a ousadia, a irreverência, o agarrar o futuro e outros do mesmo jaez.

Mas reduzir a actividade das "jotas" à defesa destes temas, muitos deles espúrios, é considerar que elas padecem de uma capitis deminutio política. Uma juventude partidária que se queira afirmar como séria, responsável, consequente e tributária de credibilidade deve empenhar-se em temas mais prementes. À laia de exemplo, refira-se o arrendamento jovem, a política de habitação, o desemprego jovem, o incentivo à criação do próprio emprego, o ensino técnico e profissional, a reforma do ensino superior, a ligação das instituições de ensino ao mundo do emprego, mormente ao ramo empresarial, a info-exclusão, a formação política e cívica, eivada de valores e princípios, enfim, toda uma plêiade de assuntos que assumem particular relevo em um projecto sério e estruturado para a juventude, de quem este governo é, bem o sabemos, inimigo declarado.

Fica, à guisa de conclusão, uma palavra de apreço para a JSD (Juventude Social Democrata), que sempre se destacou na defesa dos verdadeiros interesses da juventude de Portugal, marcando a diferença em relação aos desmandos dos corifeus de uma certa esquerda e apresentando-se como uma estrutura de confiança.

Márcio Ribeiro
Advogado,
Coordenador do Gabinete de Estudos e membro da Comissão Política Distrital de Vila Real da JSD

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