segunda-feira, abril 10, 2006

Consciência Política nos Jovens de Hoje


A educação sempre esteve presente na formação de cada ser humano; questionada sobre a sua importância, sobre quem tinha acesso a ela, é certo, mas sempre presente nos temas debatidos.

Nesse aspecto, somos herdeiros dos gregos e depositários estéticos do seu legado cultural e educacional, senão vejamos...

Na sua actividade racional e nos seus ideais se encontram algumas das nossas raízes culturais mais profundas. A nossa cultura europeia ocidental é o produto do cruzamento de algumas linhas de força essenciais: a inteligência grega, o direito romano e a religião cristã.

É também com os gregos que o problema educativo se coloca, ou seja, é com os gregos que a educação se põe como um problema decisivo para o destino do Homem. O entendimento era o homem só é homem pela educação e só vale pela educação!

Através dos tempos, constatamos uma preocupação social e governamental pela educação, tendo, inclusive, sido uma paixão de um certo Governo. Assistimos, desta maneira, a sucessivas reformas.

Todavia, com o Mundo em transformação constante e a um ritmo deveras alucinante, a política, ou melhor, a consciência política dos jovens, tema fundamental para uma cidadania responsável, parece passar um pouco encoberta.

Consciencializar os jovens de que a intervenção na polis ( origem da palavra política – os gregos, novamente… ) é condição fundamental para uma democracia efectiva. Aliás, a participação de todos é a intervenção dos cidadãos na solução dos problemas colectivos nas vilas, cidades, municípios, regiões, país e nos colectivos sociais como empresas, partidos, sindicatos e associações.

A participação social e política exige formação, animação, dinamização das populações para acções colectivas e movimentos sociais numa perspectiva de transformação das pessoas e da sociedade.

O mundo actual vive uma apatia dos cidadãos, sobretudo das camadas jovens, em relação à política e à vida pública, e, é urgente debruçarmo-nos sobre esta questão, identificar quais as causas e adoptar medidas para combater esta passividade. A sobrevivência da Democracia exige participação dos cidadãos, e esta não ocorrerá se continuarmos a caminhar para um voltar costas entre os jovens, os homens do amanhã e a política.

São necessários debates sobre esta tema, é preciso desmistificar a ideia de que os jovens não têm ideais nem grandes causas; trata-se, na minha modesta opinião, de proceder a uma arrumação simplificada entre boas e más gerações.

Os jovens actuais têm causas, têm valores, provavelmente, diferentes das outras gerações ditas com ‘valores’, como as de 60, ou 70; a mensagem política dos Partidos não tem chegado aos jovens, porque as directrizes partidárias talvez sejam as mesmas de outros tempos, e, a notória falta de vontade e consciência política é preocupante, é assustadora se pensarmos no futuro da sociedade enquanto tal.

Tem de haver uma envolvência dos jovens na política, pois a política actual é associável aos conceitos de cidadania e democracia. Assim, a relação entre os jovens e a política merece uma melhor atenção da sociedade; mas, é bom não esquecer, este não é um problema exclusivo dos jovens, é um problema generalizado, e que pode ter nos jovens uma alavanca para a solução, se a sociedade intervir através da educação e de não limitar o espaço dos jovens na intervenção política e em especial na esfera partidária.

Cabe às forças partidárias conseguirem passar a mensagem, cativar os jovens, indo de encontro à nova realidade da vida, percebendo que os valores e os ideais mudaram. E, sem medos, dar lugar aos jovens na esfera político – partidária; assim, talvez consigam perceber o que mudou entretanto.

Nós, os jovens actuais, crescemos nos últimos anos num mundo de realidade imediata, programática, com muito pouco espaço para os idealistas. Quer queiram, quer não, foi este o mundo que herdámos das tais gerações de valores…

Não fomos nós que fizemos o mundo assim.

Mas, sem dúvida, podemos e devemos transformá-lo.

Paula Vaz Franco – 21.06.04 - Águeda

1 comentário:

Rui Neves disse...

Concordo muito contigo quando afirmas que apatia em relaçao a politica e sobretudo, com a classe politica nao é somente dos jovens portugueses...

É um facto que o país ja registou taxas de abstençao mais elevadas do que as verificadas nos últimos anos em Portugal, mas esse aumento da participaçao deveu-se, em larga medida, ao estado geral em que o país se encontrava, ou encontra, nao sei bem!!

Nao existe qualquer esforço por parte, quer dos politicos, quer dos partidos, para aproximarem os cidadaos da vida politica!!! E talvez quem sofra um dia com tudo isto sejam as geraçoes futuras! E porquê!? Porque os grandes intelectuais da actualidade, os grandes tecnocratas, querem pouco com a politica...

Há que trabalhar para mudar mentalidades